segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A filosofia de Ricardo Castilho


Fechei o post do dia 30 de setembro de 2011 com uma citação de Marilena Chauí sobre a utilidade da filosofia (Convite à filosofia, São Paulo: Editora Ática, 1998, p. 18). Como a obra a ser comentada hoje é inteira a respeito da mesma disciplina, peço licença a vocês para resgatar a transcrição, a título de iniciar os comentários sobre esse especialíssimo manual, de autoria do querido Ricardo Castilho:

Qual seria, então, a utilidade da Filosofia? Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às ideias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.

Como bem pondera o autor em sua Apresentação, o estudo da Filosofia do Direito não pode prescindir do resgate da própria história da filosofia, pois o pensamento jusfilosófico de hoje é fruto de uma longa sequência de reflexões acerca de questões variadas.

Por isso, parte considerável desse estudo é dedicada a apresentar ao leitor uma substancial revisão das ideias filosóficas, dos pré-socráticos aos filósofos do cristianismo; dos outros pensadores medievais aos modernos; dos iluministas, racionalistas e materialistas aos filósofos envolvidos na chamada crise da filosofia moderna e nos movimentos que a caracterizaram: socialismo, positivismo, existencialismo; até chegar aos contemporâneos e aos pós-modernos e às interrelações desses com as questões atuais do Direito, tais como pensadas, entre outros, por autores como Weber, Radbruch, Dilthey, Kelsen, Foucault, Derrida, Habermas, Rawls, Dworkin, Bobbio, Perelman e Luhmann, sem, por fim, desconsiderar as construções de grandes filósofos do Direito brasileiros, como Reale, Tércio e Goffredo.

O aspecto particularmente interessante desse livro é que, dentro dessa proposta de traçar um panorama de centenas e até milhares de anos, o autor o faz muito bem. Dotado de um poder de síntese surpreendente e de uma clareza que a tantos teóricos falta, o autor utiliza linguagem agradável, apoiada em parágrafos curtos e em vocabulário com pouco rebuscamento. Revela as ideias centrais de cada pensador, posicionando-o no tempo e no contexto geral da filosofia, o que sempre faz acompanhado de uma breve descrição de sua vida e de sua obra. Cada parte tratada traz, ao final, uma útil linha do tempo do período abrangido, facilitando o estudo e dando relevo à necessária visão panorâmica das ideias face ao processo histórico em que se situam.

Com essa receita, o autor, que é hábil e experiente professor universitário, consegue reunir uma grande quantidade de conteúdos em apenas 302 páginas, o que é muito pouco para uma disciplina tão extensa como a Filosofia do Direito. Tamanho esforço, sem dúvida, será recompensado com a consulta frequente do livro por um público amplo de estudantes de graduação, pós e interessados em geral em aprender mais sobre a matéria. Para tanto, o manual – tenho certeza em afirmar – pode ser visto como um verdadeiro guia para percorrer o árduo, mas fascinante, universo das ideias filosóficas ocidentais e, a partir dele, aventurar-se com leituras cada vez mais profundas e distantes de um conhecimento que, como os méritos desse novo trabalho que temos a satisfação de publicar, não tem fim.

A capa, da IDÉE arte e comunicação, procurou externalizar a pluralidade de pensadores abarcados no conteúdo do livro, valorizando retratos que exprimam sua humanidade e sem priorizar momentos específicos da história, já que, para a filosofia, todos têm direito a uma voz "simultânea".

Amanhã, 11 de outubro, ocorrerá na Livraria Saraiva do Shopping Paulista, a partir das 19:30 h, o evento de lançamento da obra. Fica registrado o recado, assim como a minha admiração pelo autor, a quem desejo muito sucesso com seu novo livro.

Do Ricardo Castilho, por sinal, também são as obras Direitos Humanos e Justiça social e distributiva – desafios para concretizar direitos sociais e do volume 30 da Coleção Sinopses Jurídicas, também sobre o tema Direitos Humanos, todas da Editora Saraiva.

Um abraço e ótima semana, com direito a feriado no meio.  

2 comentários:

  1. Olá Luis!
    Muito bom o design do blog. Realmente agrada visitá-lo pela facilidade de carregamento como pelo design, cores, que eu tanto gosto.
    Conteúdo de leitura simples e esclarecedora.
    Creio que esse desafio foi como uma oportunidade de mostrar que todos nós que trabalhamos com livros lhe devemos, de alguma forma, por ter ajudado em diversas situações.
    No mais gostaria de parabenizar pelo excelente trabalho que faz.

    Mônica Landi

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  2. Sem dúvida Mônica, sem a ajuda da equipe não faço nada. Somos um time!
    Obrigado por passar aqui.
    Luiz

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